Como Tudo Começou
- Priscila Medeiros
- 1 de mai. de 2019
- 6 min de leitura
Atualizado: 3 de mai. de 2019
Uma das coisas que mais sou questionada é: “de onde veio à ideia”, e “porque estou fazendo essa viagem”, então resolvi vir aqui contar pra vocês um pouquinho de como foi que tudo começou.
Pra começar, tenho que admitir que sempre fui uma pessoa inquieta e que não gostava de ficar parada, me considero uma pessoa de espírito livre, e quando tomei consciência de que essa é minha essência, fiz questão de cada vez mais fazer o possível para ir atrás da minha liberdade. Foi a partir daí que uma grande busca começou por; aventuras, experiências, respostas. Me formei em uma profissão (Guia de Turismo) que também buscava aventura, conhecimento e liberdade, e foi na tentativa de reunir tudo isso e muito mais, que resolvi cair na estrada.

Em 2016 tive então minha primeira grande aventura, fiz um mochilão experimental (chamo de experimental porque era justamente para experimentar, e ter certeza de era isso mesmo que queria fazer), peguei minha mochila, fiz uma plaquinha e fui numa rodovia “esticar o dedão” e pedir carona, sim, decidi ir caronando até o nordeste (sai de SP), e lá se foram 6 dias na estrada, andando em caminhões e carros particulares de completos desconhecidos que deram carona, assim cumpri minha meta de chegar em Alagoas (estado escolhido para visitar).

Lá fiquei hospedada em casas, acampei em quintal e cheguei até dormir em uma residência universitária, fui acolhida por pessoas maravilhosas que nem me conheciam, e que mais que um teto compartilharam comigo momentos, suas histórias e o aprendizado prático sobre o que ser solidário ao próximo, sem nem ao menos esperar por algo em troca, me ajudaram no momento que precisei, apenas por ajudar. Foi 1 mês de viagem e para mim foi uma experiência incrível e transformadora, que me fez parar para refletir sobre muitas coisas, e o principal, despertou ainda mais meu instinto aventureiro, além de me fazer ter a certeza que era na estrada que queria viver, pois era exatamente o que queria para minha vida.
Poucos dias depois de retornar para casa em São Paulo, vi na internet uma imagem que mexeu comigo, e por uns dias ela não saiu da minha cabeça. Era a imagem de uma kombihome, acabei indo pesquisar mais na internet, foi então que descobri que algumas pessoas estavam adaptando suas kombis para cair na estrada e ficar viajando. Achei aquela ideia um máximo, pois era uma ferramenta completamente funcional, um carro para fazer o transporte e me levar onde eu queria, ao mesmo tempo que serviria como uma casa para me hospedar onde quisesse pernoitar, além de ser também algo que poderia se tornar possível para minha realidade. Na época tinha um carro popular que poderia muito bem vender, e com o dinheiro mais algumas economias poderia comprar a Kombi, adaptar e cair na estrada...

Enquanto amadurecia a ideia, alguns dias depois acabei indo fazer um novo mochilão (nível leve kkk) e agora acompanhada de uma amiga, Fabiola, que adorou saber da minha experiência anterior e perguntou se era possível fazermos um mochilão juntas, e é claro que eu topei kk. Na ocasião escolhemos ir para a Região dos Lagos no Rio de Janeiro (Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios). Enquanto vivenciávamos nossa trip, contei para ela sobre a ideia que tinha em mente, de cair na estrada em uma Kombi e tal, e ela super me apoiou.

E me lembro que em um dia de muita chuva fomos fazer uma trilha até as prainhas do Atalaia ( a praia da famosa escadaria), e andando na trilha no meio do nada me veio uma frase na cabeça (que por mais incrível que pareça nunca mais esqueci e nem esquecerei kkk); ‘Pé na Estrada Severina’ ( já imaginava que se tivesse uma Kombi esse seria o nome dela, simplesmente porque queria dar esse nome à alguma coisa na minha vida, acabou que encaixou certinho com a ideia). Com essa frase na cabeça, dias depois me dei conta de que faz referência a duas músicas que tem grande significado na minha “vida aventureira”. A primeira delas é da cantora Sula Miranda - Com Pé na Estrada -, que fez parte do mochilão de poucos meses atrás, na verdade eu conheci a música escutando em uma das caronas, foi através de um caminhoneiro que ouvindo a mesma, disse que ela tinha tudo a ver comigo e com a minha aventura (vou disponibilizar o link da música no fim desse artigo, e quem tiver curiosidade pode escutar, que logo vai entender porque o caminhoneiro disse que ela tinha a ver com minha história kkk). A outra música é de uma das bandas que eu adoro, que é a Tribo de Jah – Reggae na estrada -, que referencia a vida de um nômade na estrada, se aventurando mundo a fora, eu sempre que ouvia essa música ficava refletindo sobre como seria legal cair na estrada e viver por aí viajando, conhecendo lugares diferentes e tal, enfim esse também é um dos sons que fazia parte da minha rotina, pois escutava no meu dia a dia, quando ainda morava em Ubatuba, no litoral paulista. Não podia ser uma mera coincidência aquela frase que veio na minha cabeça, às referências das músicas e toda aquela ideia de viver na estrada, foi ai que senti que minha intuição estava em contato comigo.
Depois de retornar do Rio de Janeiro, tive certeza de que era isso que queria fazer da minha vida, e já tinha até um nome para essa aventura, mais ainda faltava muito até tornar aquilo tudo numa realidade. Voltei então a minha vida normal, aceitei um convite para trabalhar como Guia de Turismo em uma agência montada por ex colegas de curso, e tornei o sonho de trabalhar na minha profissão como uma espécie de missão a cumprir para conquistar algo maior, que era o sonho de cair na estrada. Passei quase 1 ano trabalhando, juntando algumas economias e me preparando para o realizar o sonho de cair na estrada, até que decidi que era o momento de dar o primeiro passo, começava então a me desligar do trabalho, deixar a casa onde morava, me despedir dos amigos que tinha feito ao longo dos anos morando no litoral. Acabei voltando para a casa dos meus pais em São Paulo, e de lá daria os passos seguintes, vender meu carro, procurar e comprar uma Kombi e começar a fazer as adaptações nela.

E foi nessa exata sequência, depois de vender o carro que tinha, comecei a procurar uma Kombi para comprar (lógico que já pesquisa à alguns meses), não foi uma busca tão simples, pois nem tudo que encontrava estava de acordo com aquilo que atendia minha necessidade, mas aguardei pacientemente, até que cheguei enfim à Kombi que estaria destinada a ser minha, fui buscar ela no interior de SP, e logo de cara quando a vi pela primeira vez, senti que aquela seria minha Kombi, estava diante da minha Severina ( era pra ser ela mesma, pois de todas que havia visto, essa sim tinha cara de Severina kkk)...Foram mais alguns dias até finalizar a compra, até que chegou enfim o dia de levar ela pra casa, e daquele dia em diante comecei a tirar o sonho do papel e torna-lo em realidade...

Foram 3 meses trabalhando nas melhorias e adaptações da Kombi, em meados de Setembro de 2017, com tudo bem simples mas feito com muita dedicação e carinho, ficava pronta minha nova moradia, a ferramenta fundamental para tornar um sonho em realidade. Severina estava pronta para cair na estrada com a missão de servir como um carro (o que ela naturalmente já servia kkk) e também para ser uma casa, a minha casa e da Mel minha grande companheira... Coloquei todos os meus sonhos nela, sonhos que vão muito além de apenas viajar por ai, são sonhos de experimentar aventuras e tudo mais o que a vida tem a me apresentar, a fim de me tornar através dessa experiência uma pessoa melhor, mais forte, mais experiente e quem sabe até um pouquinho mais sabia kkk.
Enfim, caímos na estrada no dia 14 de Setembro de 2017, e foi assim que tudo começou, assim surgiu o Pé na Estrada Severina.

Segue abaixo os Links para quem quiser conhecer as músicas que citei acima:
Sula Miranda - Com Pé na Estrada >>> https://www.youtube.com/watch?v=BkiSEWJCiKU
Tribo de Jah - Reggae na Estrada >>> https://www.youtube.com/watch?v=EnzkTW_mGFs
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